«15 de novembro de 2015
Marte em Balança e a Arte da Paz
Marte em Balança e a Arte da Paz
Marte, o correlato planetário do Deus da Guerra no Olimpo Grego e regente planetário dos dois Signos mais associados às mais importantes batalhas que os seres humanos têm que travar na Vida (Carneiro: a luta pela sobrevivência e auto-afirmação, e Escorpião: a luta com a sua própria natureza inferior e pela sua própria regeneração), ingressa no Signo de Balança na quinta-feira, dia 12 de Novembro de 2015.
E fá-lo de dois em dois anos, sensivelmente, de tal sorte que nesse período de tempo “dá a volta” aos doze signos do Zodíaco e estimula assim vivamente, porque é da sua natureza estimular vivamente, durante cerca de seis semanas, cada uma destas energias e cada um dos doze arquétipos astrológicos.
Em Balança, ensina-nos a tradição astrológica deste Ptolomeu no séc. II da nossa era, Marte encontra uma condição astrológica conhecida como “Exílio”, ou “Detrimento”. Estando colocado no signo diametralmente oposto a um dos signos que ele rege, Carneiro, Marte em Balança está o mais “afastado” do "seu signo" que poderia estar – está exilado. É como se precisasse operar num território que lhe é não só totalmente estranho, como até, diríamos, o “oposto” daquilo que lhe é natural.
Assim, se em Carneiro Marte é uma poderosa força de auto-afirmação pessoal, simbolizando grande capacidade individual de impor os próprios desejos espontâneos e a sua própria força de viver sem nenhum tipo de restrição auto-imposta ou dificuldade em expressar sua natureza bélica, confrontacional, corajosa, audaz, pura e quase inocente na sua cega tendência de impor o “eu, eu primeiro!” e o “eu, eu quero!” e o “eu!, eu vou!” sem conhecer nenhum tipo de constrangimento – a não ser, evidentemente, a resistência ou os obstáculos que inevitavelmente conhecerá à medida que avança (mas só depois!), quando Marte está em Balança, signo da cooperação, da harmonia, da busca de soluções de compromisso e de levar em consideração esse imenso desconhecido (para Marte/Carneiro) chamado “Outro”, para que vença a diplomacia, a via do meio, as soluções de ganhador/ganhador, Marte está... diríamos... em maus lençois.
Marte continua a ser uma força de auto-afirmação e assertividade – isso não muda - mas já não pode afirmar-se sozinho nem exclusivamente a si próprio. Precisa incluir (Balança) o Outro. Lutar (Marte) por objectivos comuns, ou partilhados (Balança). Precisa negociar (Balança) antes de agir (Marte). Precisa de companhia (Balança) para ir (Marte). Ou de estímulo (Balança) para se impor (Marte). Ou de um pretexto vindo de fora (Balança) para reagir (Balança). De uma vontade (Mart) exterior (Balança) para se posicionar (Balança) perante a outra vontade (Marte). De um desafio trazido de fora (Marte em Balança) ou projectado sobre o exterior e o outro (Balança) para ir à luta (Marte). De lutar (Marte) por, com ou contra (ai ai, as proposições!) o “Outro”.
E uma das consequências mais naturais para este posicionamento (Marte em Balança) é um certo “compromisso” do que Marte simboliza. Uma certa frustração. Ou muita frustração. Projectada para o exterior, ainda por cima – ou, na melhor das hipóteses, estimulada pelas circunstâncias exteriores e pelos encontros.
De modo que temos aqui um sinal inequívoco de como é importante darmos atenção a esta passagem de Marte por Balança: é um signo onde Marte não se sente, de todo, confortável para ser facilmente fiel à sua própria natureza, que é agir primeiro e reflectir depois – se é que alguma vez chega a precisar de o fazer. Aqui, em Balança, tem muito em que reflectir - e muito que considerar - antes de poder agir. Se é que chega a fazê-lo, e resta saber... como o fará, quando o fizer, dada a quantidade de frustração – e dependência do “exterior” – que esta combinação sugere.
... Que é como quem diz, Marte em Balança é também símbolo do perigo da reactividade, quando sentimos estar à mercê da acção dos outros. E Marte, por si mesmo, preferiria ser senhor das suas próprias acções do que estar no papel de quem está condenado à 'limitação' de reagir, ou ter que posicionar-se, perante a acção do 'Outro'.
E parece inevitável que, de uma forma ou outra, todos vamos observar este(s) Marte(s) a espumar pela boca: de raiva, indignação, frustração, e pelo senso de estar profundamente à mercê do que aparentemente lhe chega "de fora".
E daí a acreditar que pode justificar com as acções dos outros a sua raiva assassina, a destrutividade das suas próprias reacções, assustadas e cegas pelo medo, e a violência indiscriminada contra o agressor, real ou imaginado, com mais ou menos razões - acreditar que a acção do 'outro' pode justificar a sua reacção, penhorando assim - e só assim - a sua própria autonomia, poder, e responsabilidade: daí a acreditar que, se destrói, a 'culpa' é do 'outro', é um tirinho. Ou uma saraivada de balas.
Mas será sempre uma violência desnecessária, reactiva, injustificável, e cega.
Quero, por isso, propôr uma “visão nobilíssima” de Marte em Balança.
Pensa em Nelson Mandela: Madiba. Lembras-te? Desencarnou nas vésperas de Marte ingressar em Balança pela última vez, há cerca de dois anos.
O Grande Alma que viveu uma vida de Luta pela Liberdade, em Amor pelo seu povo – e nos ensinou uma das lições mais elevadas que uma Grande Alma nos pode ensinar: a do Perdão, e de como lutar dignamente pela Liberdade. Pela Paz. Pela Dignidade e, assim, pela Grandeza do Espírito Humano; que é maior na medida em que o actualizamos nós mesmos, quando não damos as nós próprios os pretextos e os motivos para não pensarmos a sério no tremendo egoísmo, e na cobardia, que sempre nos anda no espírito e que nos dominam quando não os enfrentamos a partir de um Coração alinhado, honesto e disponível para travar as Batalhas Maiores.
O Amor.
Se Marte é o arquétipo do Deus Guerreiro e Balança a busca da Paz, da Harmonia, da Reconciliação, então
Façamos todos como Mandela – e sejamos, todos nós, Madiba.
Honremos a Grandiosidade do Espírito Humano e sejamos capazes dos mais altos feitos de que são capazes a Alma, e o Coração Humanos: tenhamos a Coragem de lutar pela Paz, pelo Amor, de travar assim o Bom Combate.
A Coragem de defender nossos irmãos perante a ameça da fome, da injustiça, do poder exercido cego e sem limites;
A Ousadia de enfrentar todas as condições que ameacem oprimir a Dignidade do Espírito Humano naquilo que tem de mais grandioso e livre: o direito a existir, ao pão, à educação, à alegria, à liberdade, à criação, à poesia, ao humor e ao Amor;
A Nobreza de lutar pelos ideais mais nobres de que nossa Intuição seja capaz de ter o lampejo;
a Ferocidade de defender o Projecto de nosso Pai, o Espírito, para nossa Encarnação no seio da nossa Mãe, que nos serve de colo, apoio e sustento;
A Honra de utilizarmos todos os nossos recursos, internos e externos, para promover e apoiar e por todos os meios ao nosso alcance deixarmos, após e durante nossa breve e efémera passagem por aqui, um legado de Amor aos nossos descendente e herdeiros;
A Confiança na Justiça e Nobreza de nossa Causa, se essa causa é a do bem-maior de todos os nossos irmãos, humanos e não-humanos, co-habitantes do Planeta – todos os que existiram, existem, e virão a existir; de todos aqueles que neste momento chegam ao Planeta e de todos aqueles que neste momento dele se despedem;
A Grandeza de sermos os Guardiães da Paz, e do Amor, e a Disponibilidade de travar os combates necessários para que o Plano de Deus para a Terra, que é o de Amor, possa vencer finalmente e se cumpra.
Afinal, se Marte é o Deus Guerreiro, e ingressa em Balança, o signo onde aprendemos a Ser (com) o Outro, é mesmo como diz o grande Sun-Tzu, autor do clássico “A Arte da Guerra” e antiquíssimo sábio oriental.
E diz Sun-Tzu “o objectivo supremo da Guerra é a Paz”.
E que possa ser esse nosso objectivo, nosso foco, e nossa maior ambição.
Grandes Espíritos, somos Muito Amados. Chegou altura de termos, nós próprios, a Coragem de Amar.
E Deus nos abençoe em nossas batalhas de Paz *»
por, Nuno Michaels
(arte urbana, Pejac)
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