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quinta-feira, 5 de julho de 2012

quinta dimensão




 
quinta dimensão


Hoje ou ontem, tal como amanhã
por entre o negrume da vida que nasce noite,
haverá lugar espaço momento, ponto fixo
e em perpétuo e firme movimento.
Haverá lugar, de encontro na fenda agreste
de um lamento, à língua, saliva ou pacho
que tape alise deslace, pele pano ou queixume.
Haverá espaço, do encantamento à alegria justa
clara e férrea sedenta de lar, de vida.
Haverá momento, sem vergonha prenhe de medo,
hirto, que esbarre e escorra, em má e triste hora.
Haverá ponto, prefixo humano deveras perdido
aflito, que se agarre e sucumba à oração que engana.

Amanhã ou ontem, tal como hoje agora,
há um ponto perpétuo e firme
pueril superfície interna em movimento
que deveras resgata e salva.






(Ousadias , pag 52)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Esperança




Os avisos (terceiro)

'Screvo meu livro à beira-mágoa.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de água.
Só tu, Senhor, me dás viver.

Só te sentir e te pensar
Meus dias vácuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?

Quando virás a ser o Cristo
De a quem morreu o falso Deus,
E a despertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?

Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras português,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anseio que Deus fez?

Ah, quando quererás voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da névoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?

Mensagem, Fernando Pessoa