terça-feira, 12 de julho de 2011

Fénix



«A Fénix, segundo o que disseram Heródoto ou Plutarco, é uma ave mítica, de origem etíope, de um esplendor sem igual, dotada de uma extraordinária longevidade, e que tem o poder , depois de
se ter consumido pelo fogo, de renascer das próprias cinzas. Quando se aproxima a hora da sua morte, constroi um ninho de raminhos perfumados onde se consome no seu prórpio calor. Os aspetos do simbolismo aparecem pois claramente: ressurreição e imortalidade, emergência ciclica.. Foi por isso que toda a Idade Média fez da Fénix o símbolo da Ressurreição de Cristo, e por vezes da Natureza divina sendo a natureza humana representada pelo pelicano.
A Fénix é , no antigo Egipto, um símbolo das revoluções solares; está associada à cidade de Heliopolis. No entanto, poder-se-ia dizer que esta cidade do Sol  não é originalmente, a do Egipto, mas sim a Terra solar primordial, a Síria de Homero. A Fénix, dizem os Árabes, não pode pousar senão na montanha de Qafm que é o pólo, o centro do mundo. Seja como for a Fénix egípcia, ou Bennou, estava associada ao ciclo do Sol e ao ciclo anual da cheias do Nilo; daí a sua relação com a regeneração e a vida.
Como se tratava, no Egipto, da garça-real púrpura, pode-se evocar o símbolo da regeneração que a alquimica obra ao rubro é.. Os taoístas designam a Fénix com o nome de pássaro de cinábrio (tanniao) , sendo o cinábrio o sulfureto vermelho de mercúrio. Aliás, a Fénix,. corresponde emblematicamente ao Sul, ao Verão, ao fogo, à cor vermelha. O seu simbolismo está também relacionado com o Sol, a vida, e a imortalidade. A Fénix é uma montanha dos Imortais. É o emblema de Niukua, que inventou o cheng, instrumento de música em forma de Fénix.
A Fénix macho é simbolo de felicidade; a Fénix fêmea é o emblema da rainha, por oposição ao dragão imperial. Fénix macho e Fénix fêmea são simultâneamente símbolos de união e de casamento feliz.
Além disso, as Fénix de Siao-che e Long-yu, quando manifestam a felicidade conjugal, conduzem os esposos ao paraíso dos Imortais. É uma Fénix que revela a Pien-ho a presença do jade dinástico dos Tcheu, símbolo de imortalidade, e é o Fong-hoang, manifestação de puro yang, que aparece nos reinados felizes.
Al-Jili faz da Fénix o símbolo daquilo que só existe em função do seu nome; significa o que escapa às inteligências e aos pensamentos. Por isso, tal como a ideia de Fénix não pode ser alcançada senão por intermédio dos seus Nomes e das suas Qualidades (CORM, DEVA, DURV, GUES, JILH, KALL, SOUN).
Esta ave magnífica e fabulosa levantava-se com a aurora sobre as águas do Nilo, como um sol, a lenda apresentou-a consumindo-se e apagando-se como o Sol nas trevas da noite, para depois renascer das suas cinzas. A Fénix evoca o mundo e a onde voltará por fim; é como que um substituto de Xiva e de Orfeu.
A Fénix é um símbolo de ressurreição, que o defunto aguarda depois da pesagem das almas (psicostasia), se ela tiver cumprido devidamente os ritos e se a sua confissão negativa tiver sido julgada como verídica. O defunto torna-se ele prórpio uma Fénix. A Fénix tem muitas vezes consigo uma estrela, para indicar a natureza da vida no outro mundo. A Fénix é o nome grego do pássaro Bennou; figura na proa de muitas barcas sagradas, que vão desembocar no imenso reino da luz...símbolo da alma universal Osíris que de si mesma, se criará eternamente a si mesma, todo o tempo que durar o tempo e a eternidade (CHAM,78).
O pensamento ocidental latino viria a herdar o símbolo referente à Fénix, ave fabulosa cujo protótipo egípcio, a ave Bennou, disfrutava de um prestígio extraordinário por causa das suas características. Para os cristãos, a Fénix será considerada, a partir de Orígenes, como a ave sagradas e o símbolo de uma irresistível vontade de sobreviver, bem como da ressurrreição, triunfo da vida sobre a morte (DAVR,220; SAIP, 115)»

in, Dicionário dos Símbolos, de Jean chevalies e Alain Gheerbrant

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