quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

ajuda

AJUDA (deixada hoje no meu mail )



Eu sei que gostas de ajudar. Sei que te esforças, queres passar às pessoas tudo o que sabes,tudo o que aprendeste comigo. E pensas que é legítimo. Eu compreendo. Fazes o que sabes e achas que está certo. Não te pões em causa. Não consideras, por um só momento, que essa tua desmesurada dádiva pode ser ego. Não pensas nisso. Eu compreendo.


Mas se até aqui era de alguma forma aceitável que fizesses isso, depois de leres esta mensagem vais compreender que não é. E a lógica é simples. Presta atenção: Quando vais ajudar alguém, como é que fazes? Tens pena da pessoa, achas que ela está a passar um mau bocado, então engendras uma estratégia para a retirar daquele estado. Nada mais legítimo, pensas tu.


Eu compreendo que penses desta maneira. Mas não é. Percebe que a estratégia que definiste para ajudar essa pessoa tem a tua lógica. Tem a tua energia. Só a tua energia. Não tem a energia da pessoa. Ou melhor. A pessoa não tem a energia da estratégia que desenvolveste para ela. Por isso, é pouco provável que ela consiga pô-la em prática. E mesmo que o faça, é pouco provável que dê certo. Porquê?


Porque sempre que uma pessoa faz algo que não tem a sua energia, quando começam a vir as consequências, quando é preciso tomar decisões quotidianas em relação a essa estratégia, a pessoa pura e simplesmente não domina aquela lógica. Não vai saber, por isso, tomar decisões referentes à estratégia e consequentemente as coisas não vão dar certo.


E porque é que eu digo que é ego ajudar desta maneira? Porque só o ego quer impingir a sua lógica ao outro. A alma não impinge nada. E a alma também pode ajudar. A alma, essa, olha para a pessoa que está à sua frente. A alma sente profundamente essa pessoa. A alma consegue descobrir onde é que está a alma dessa pessoa. E consegue «puxá-la» lá de dentro. E consegue fazer com que ela se liberte do medo, e livre do medo já pode fazer escolhas com a sua própria lógica.

Isto é que é ajuda. Não é decidires, opinares, resolveres pelos outros. A verdadeira ajuda é conseguires, através da compaixão, limpeza e amor, fazer brilhar a alma do outro. E como eu digo muitas vezes, a melhor coisa que se pode fazer a uma pessoa que está mal, além de limpar, é dizer: «Eu sei que tu vais conseguir.» E no dia seguinte, telefonar, talvez para limpar outra vez, e dizer essa frase vezes sem conta até a alma dela se manifestar. Até ela própria conseguir. Isto é que é ajudar.

in, O livro da Luz, Alexandra Solnado
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 A nossa tendência natural é dar respostas, soluções prontas à luz das nossas escolhas, vivências, conhecimentos, espectativas, desejos, etc.  Como se dessemos pistas aos outros de como resolverem as suas situações, problemas, questões. Como se nos aliviássemos e nos ajudássemos (genuinamente) também nesse ajudar e querer 'salvar o mundo'. Porque somos assim, grandes nesse impulso amoroso de inter-ajuda. Mas esquecemo-nos que não somos os outros, não estamos na sua pele, na sua alma, que aquilo que seria fácil, próprio, correcto ou melhor para nós, pode não o ser naquele momento ou nunca para o outro. E outras respostas são válidas, porque foram as encontradas e possíveis para e pelo outro naquele específico momento.
E a maior questão e dificuldade que aprendi ( de difícil, atenta aplicação e sucesso ) nas aulas de Aconselhamento Psicológico era precisamente aí, o busílis da questão era conduzir um diálogo consciente no sentido de levar o outro a encontrar por si as respostas, a ter os insights que o levariam à Luz, à sua luz, aquilo que ele encontrava, entendia, aceitava e podia fazer.

Porque nós temos as respostas em nós. Por vezes boicotamo-nos inconscientemente, paralisamos, cedemos, mumificamos a forma e o pensamento, a acção e o sentimento .
Umas vezes conseguimos sozinhos 'dar a volta' e reverter a nosso favor e da nossa alma as situações.
Outras vezes precisamos de ajuda. De um 'empurrãozinho' para cá dentro chegarmos.

 

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