sexta-feira, 16 de abril de 2010

sabotador interno, um amigo chamado Saturno



Esta música parece-me que ilustra o resultado prático e visível do boicote interno ou sabotador interno.

Ando à uma semana com a ideia de que o meu próprio sabotador, voltou a fazer das dele, que se voltou a 'intrometer' com toda a legitimidade e minha covardia nos meus assuntos com o meu total ainda que inconsciente (no início) consentimento.

E agora que o vejo crescer e ganhar corpo, que me vejo controlada, limitada e dirigida, sinto-me manipulada pelo meu próprio medo e insegurança, por caminhos 'fáceis' aparentemente, mas que na verdade me parecem divergentes e distrativos. Uma espécie de placebo: não faz mal nenhum, não faz bem significativo e dá-me a ilusão de 'cura, o que como sabemos é um passo para ela ;).
Mas neste caso não é. Eu sei que não é, sinto-o.
É como se andasse às voltas sem sair do sítio, como um cão a tentar morder a sua cauda.

Quando digo não faz mal nenhum, esqueço-me de mencionar o atraso no tempo linear*, que me impede de fazer no devido tempo** aquilo que pressinto e intuo ser correcto.
( o meu sabotador interno  - ou será o meu Eu Superior? - volta ao ataque e diz: é porque não estavas pronta!...)
E proscatino (que raio de palavra esta!). Adio(-Me).

Encontram-se justificações, motivos, correctos, plausíveis, justos,... aos nossos olhos para tomar certas decisões alternativas ou de adiamneto, ou de cancelamento. Para não fazermos aquilo que interiormente sentimos. Para não seguirmos aquilo que a nossa alma (quando a ouvimos) pede.

Medos, inseguranças, a sociedade, os pais, os filhos, os amigos, os valores morais/éticos/religiosos, ... tudo numa amálgama de coabitação (não) pacífica dentro de nós que nos molda carapaças que a maioria das vezes não nos servem, mas que usamos contrafeitos.
Ou que fazemos de conta que nos acentam na perfeição, justificando a nós próprios a necessidade, a utilidade, a obrigação de as usarmos para bem de tudo e todos menos de nós próprios***.

E crentes e crédulos das nossas 'certezas', bombardeamo-nos e couraçamo-nos com desculpas de impossibilidade, de anulação, de culpabilização e de desresponsabilização.

Já sabemos: somos assim, imperfeitos e perfeitos e exímios a contornar o que nos incomoda, interpela, intimida, molesta, inibe, coage, corrompe, magoa, ...

E até termos algum tipo de insight e agirmos, ou a Vida ( com algum trânsito ou retorno de Saturno à mistura) nos tirar o tapete e nos obrigar ''a mal'', à força, continuaremos adeptos das nossas desculpas e convictos das nossas limitações, a auto-sabotarmos e limitarmo-nos de ser quem verdadeiramente somos.
A viver apenas na Sombra de nós, quando podemos sagrada e responsavelmente harmonizar e integrar o nosso lado lunar com o solar e afirmarmo-nos no pleno poder e exercício do nosso livre-.arbítrio.
E isso inclui todos os medos assumidos e sistemas de defesa, para que a transmutação alquímica se dê em nós.

Para sairmos da cruz onde nos metemos e carregamos , para que se dê a verdadeira cruz de Cristo : possamos viver no tempo e vida  que temos, a nossa condição humana (linha horizontal da cruz) e através da consciência vivida do divino em nós, possamos ascender (processo alqúímico de passagem da dualidade à unidade) ao divino fora de nós (linha vertical da cruz).

Para quem tanto temor tem da palavra , ESPIRITUALIDADE é isto:

- reconhecer no mundo, na matéria, a existência do Espírito.


* o tempo linear (horizontal) é simbolizado por Cronos (deus grego) ou Saturno (deus romano).
(muito resumidamente:
No plano físico associa-se às coisa duradouras. No mental à lógica, disciplina, auto-controlo e organização. Socialmente associa-se ao sentido de dever, de honra, responsabilidade, tradição, associado  às instituições, organizações e autoridade governativa, arquétipo da sociedades patriarcais.
Símbolo da ordem, do rigor, simboliza os princípios e estruturas construidas e estabilizadas no tempo.
"Saturno evoca os processos de amadurecimento que validam o sentido de segurança assente na experiência e na relação com o conhecido. Ele é o Snhor do Tempoque define e delimita as fronteiras daquilo que consideramos ser uma realidade verificável, palpável e concreta." (Luis Resina, in Guia de  Intrepretação Astrológica


**Há um tempo interno da consciência que não é  cronometrável  (simboliado por Kyros agora, presente) , tem a ver com o processo interno individual. Através do desenvolvimento  de  uma relação do divino em nós (aqui estão também  associados as simbologias de Urano, Neptuno e Plutão)
É vertical porque liga a base, a terra, o instinto, o animal até à estrela mais distante, o sobrehumano, divino, Todo.
Kyros permite-nos através de formas criativas ligarmo-nos com o Todo, assumirmos que somos seres espirituais com forma humana.

***".. enquanto as normas e os padrões sociais não forem integrados pelo sentimneto, pela avaliaçao qualitativa do individuo, apenas seremos seres que produzem crenças e opiniões sem um verdadeiro sentido de valores individuais. Quanto mais individual, mais universal, porque a humanidade está no individuo pela integração desse dois factores e muito menos no conjunto dos valores teóricos e regras das quais a sociedade se serve para nos moldar" ( do mesmo autor)

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