segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A perfeição


"A perfeição não existe. E, como não é um objectivo, não pode ser uma meta.
Tu só podes querer chegar a um lugar que seja acolhedor, confortável e leve.
Não é suposto o ser humano querer ir para um local desarmonioso e desarmonizado.
Pois a perfeição é isso. É um estado de exigência, de stresse, de angústia e depressão.
É um local em que o ser humano deposita demasiadas expectativas, mas é ao mesmo tempo um lugar desconhecido, pois visto não existir, nunca ninguém lá esteve.
A não ser por breves instantes.
O problema é que os homens não levam isso em consideração.
Querem ser perfeitos.
Lutam para ser perfeitos, julgam tudo o que é imperfeito retirando todo o seu valor.
O homem só não percebe que:
O céu é perfeito.
O Universo é perfeito.
O céu alberga seres de luz.
O mundo alberga homens, seres imperfeitos em busca do caminho da evolução. E como vão evoluir?
Entrando em contacto com a imperfeição do mundo, para, e por conflito com essa mesma imperfeição, conseguirem evoluir, conseguirem avançar.
Agora imagina que o ser era perfeito. Não existiria conflito, e pelo facto de ser pelo conflito que se evolui, não haveria evolução.
Era tudo perfeito, e a experiência da terra nunca teria existido.
E agora? O que é preciso fazer?
É preciso fazer as pazes com a nossa própria imperfeição.
Aceitar que não somos perfeitos, nem temos de ser.
Devemos, isso sim, fazer o melhor que sabemos, da maneira mais responsável.
Só.
E só por isso, eu daqui de cima, já fico muito feliz. "

Nunca tive ídolos, divas, deuses a venerar. 
Não coloco ninguém em pedestais de culto e mais ou menos cegas idolatrias.
Vejo homens e mulheres sublimes, capazes de grandes pensamentos e feitos, alguns com grandes poderes de atracção, charme e sedução. 
Vejo homens e mulheres, seres humanos como eu, de carne e osso, de alma e coração, capazes das mais luminosas e claras luzes e/ou das mais densas e obscuras trevas.
Depende (também, mas não só ) do padrão vibracional de cada um, da frequência energética em que vibram em determinados momentos limite.
Sempre me inquietou frases tipo: "como é que ele foi capaz disto se era tão_____" , "como é que ela fez aquilo se era tão_____ ", "como é que foi possível aquilo se _____ ".
Devoto, calmo, religioso, honrado, credível, responsável, confiável, amoroso, (....) são muitos os vocábulos empregues, como se por si definissem alguém, fossem sinónimo de imutabilidade, de certeza, de vida.
E as bocas abrem-se de espanto, de incompreensão. Como se fossemos apenas isso, ou sendo isso, ser o bastante para garantir a constância.
As notícias trazem-nos agora com outra frequência e pormenor, casos descobertos pelo mundo, desses chamados monstros, relatos das mais prolongadas, densas e obscuras trevas.
Do alto das imaculadas perfeições (como se os seus 'pequenos' delitos do dia-a-dia, de toda a vida, fossem ínfimos à proporção) , muitos dos outros, senhores dos seus s(ab)eres, das suas qualidades, apontam os dedos em riste, abrem as bocas de pavor e ódio, arregalam os olhos de sórdido 'voyeurismo' e dão de ombros de soberba e inatingível supremacia.

-"Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra".


Eu não sou perfeita, nem pretendo ser. Nem aos meus olhos, nem aos de ninguém.

Procuro sim, melhorar-me, atingir harmonia no conflito que é também viver .

Kaizen, todos os dias da minha vida ( 改 善 ) .


2 comentários:

Anónimo disse...

Que perfeita é a nossa imperfeição, que nos leva a procurar a perfeição.
E a perfeição é tão somente a aceitação da nossa imperfeição!

um abraço querida amiga,
Maria V.

adriana cláudia disse...

Tão somente !...

(foi entregue e retribuído, linda .)