terça-feira, 2 de junho de 2009

Aqui vou ser feliz...


-"Aqui vou ser feliz!!!!!!!"

 

Esta frase na altura, repetida ad eternum na tv incomodava-me. Como me incomodam dezenas de outros anúncios que exploram o lado mais fraco e simultaneamente sedutor e enganador da natureza humana. Exploram  e sabedoramente ( não sabiamente ) induzem as massas ‘desprevenidas’, desatentas ou desligadas  comportamentos, por vezes, compulsivos de aquisição ou outros. Mas é também esse o efeito da publicidade, criar a necessidade de algo num potencial consumidor, leva-loa desejar alguma ‘coisa’ e a persegui-la.

Aqui vou ser feliz” era a frase chave duma campanha, julgo que a um crédito bancário à habitação pois apenas retive o que me interessava do anúncio, como diz alguém :”viajava frequentemente entre dois pontos, pouco recordando da distância física ou temporal ou psicológica entre os dois .Várias pessoas, individualmente, abriam janelas e portas de apartamentos e de sorrido de orelha a orelha gritavam em plenos pulmões “Aqui vou ser feliz”

O Aqui pressupunha naquele lugar específico, novo, bonito, interessante, acabadinho de comprar. Pressupunha algo concreto, um imóvel, algo exterior a nós que não precisou da nossa intervenção, ajuda para existir. Pressupunha ser condição única e suficiente para a tal felicidade. O tal pote de ouro no final do arco-íris.

E o ênfase é tanto que implica necessariamente que, a ser-se de facto feliz naquele lugar, ocorrendo um qualquer impedimento de aí se estar e viver, acabaria a felicidade. Uma catástrofe natural, um incêndio, uma perda do imóvel implicaria necessariamente a perda desse estado de graça, desse aparente encantamento .

O vou ser, dá ainda mais ênfase, e implica que se não é, mas que com aquilo de  certeza que se vai ser, ser feliz.

-Como não ser? E cria o desejo, a vontade, a necessidade(s) de ter, de conseguir, de alcançar algo assim, pois com isso está a promessa da tal felicidade a que todos almejam e com que todos sonham.

Nada tenho contra a motivação inerente, o impulso pode ser muito positivo, profissional e pessoalmente, reparo apenas na falsa e ilusória idéia subentendida.

-Podemos (devemos) delegar numa coisa a nossa possibilidade de sermos felizes ?

Estamos a dar um poder imenso a algo externo, estamos-lhe a conferir a capacidade de nos fazer e de sermos de facto felizes.

Seremos assim tão diminutos, tão frágeis, tão insignificantes que precisamos que coisas nos devolvam e envolvam nesse estado natural de alegria e bem-estar?

A situação reportava-se a um imóvel, mas podemos considera-la extensiva a uma pessoa, uma profissão/trabalho, um objecto, situação, etc.

Delegar no outro, nos outros, nas coisas inertes a capacidade de sermos felizes, é destituirmo-nos do poder e responsabilidade pessoal e diária de co-criarmos a nossa realidade e de o sermos . Sermos felizes. É deixar-se vitimizar e levar pelo externo, mutável e incontrolável rol de acontecimentos que sucedem na nossa vida. ‘coitadinho’...

E o coitad(inh)o alimentado pelo ar complacente e misericordioso dos que o rodeiam, deixa-se embalar e ficar nessa onda nostálgica e piedosa de infelicidade, de miséria, de tristeza, de desgraça, porque, coitadinho, dependia daquela coisa, pessoa, lugar, trabalho, para ser , e para ser feliz, ainda por cima.

-Que vai ser dele agora? Coitadinho...

  Com isto quero apenas dizer que está em nós a resposta.

-Quero ser feliz? Quero! Serei então? Não, porque já o sou!

Independentemente de quem entra ou sai na nossa vida (e sem dúvida a enriquece...) do trabalho que se tem ou perde, do lugar onde se mora ou deixa de morar,... acima de tudo isso exterior a nós, está o EU, está a pessoa, a nossa pessoa. E isto nada tem a ver com egocentrismo ou egoísmo. É assim mesmo.

  Eu só posso ser verdadeiramente feliz também com alguém, se já sentir em mim essa felicidade, esse maná de força, de energia, de calor, de poder, de entrega, de partilha, de amor. Só se dá o que se tem para dar, cá dentro, nas profundezas do ser. Eu só posso ser feliz num lugar, se de facto for feliz sem lugar nenhum e em qualquer lugar.

  E essa felicidade vem da certeza, da gratidão, da alegria, da oportunidade, ..., de estar vivo e poder gozar essa rica, variada imprevisível experiência de ser gente.

Sejam quis forem as circunstâncias ( e há vidas muito difíceis e duras) , sejam quais forem as imprevisíveis situações com que cada um se depara na vida, cabe-nos sempre o poder e a responsabilidade da resposta a essa vicissitude, a esse obstáculo, cabe-nos a nós em primeiro lugar encontrar no nosso interior o equilíbrio e a capacidade de as viver. Lembrei-me agora de Nelson Mandela...mas há tantos exemplos mais ou menos conhecidos daquilo que falo, nas mais variadas áreas.

  Não nego a tristeza a tristeza da perda de alguém por exemplo (por morte ou não) , não nego a desilusão e a tristeza da perda de algo de que gostávamos, ...  não nego a dor e o sofrimento naturais na nossa vida.

Nego a entrega  a essa dor e a esse sofrimento, nego o pessimismo resoluto e obstinado, nego a aparente e descrente capacidade de mudar, nego a incapacidade de encontrar pontos de luz e rosas-dos-ventos e reverter situações, nego os ‘coitadinhos’ desta vida.

  Não controlamos - e ainda bem - o ‘processo’ de estarmos vivos, apreciemos e aproveitemos então esse fantástico arco-irís que temos pela frente, bem dentro dos nossos olhos J , porque o pote de ouro no fim desse arco, é só miragem.

 Proposta de atitude por um dia ( um de cada vez J )

(além das 5 dicas do reiki, que ainda escreverei no blog)

 

Pensem, sejam, sintam Alegria:

 -no ar que respiram e na brisa ou vento que vos despenteia os cabelos e corre com as folhas,...

-nas cores que podem ver, mesmo as mais feias para vósJ , o azul do céu, do mar, os verdes das árvores, da terra, o colorido caótico das pessoas,...

-nos cheiros e odores que vos embriagam ou alegram, vos fazem torcer o nariz ou sorrir,........

-no calor gratuito do sol, na sua luz incandescente,

-no fascínio distante das estrelas,

-no sabor na vossa boca de algo que adoram, ou na comida que tem o privilégio e prazer de comer,

-nas vossas mãos, o que se passa por debaixo delas , no corpo todo, , as dezenas de células obreiras, tecidos, órgãos, pêlos, poros,..., no sangue que circula e vos alimenta, tudo a trabalhar incansavelmente para vos manter vivos, gratuitamente, esperando apenas que cuidem bem deles..

-...

Riam-se dos vossos defeitos e disparates,Rsrsrsrs,

Cantem, trauteiem, assobiem qualquer melodia que vos assalte à cabeça,

Dancem se vos apetecer,

Encantem-se com o inesperado, o surpreendente, o mágico simples de cada dia

Brinquem, usem e abusem do humor do riso, do sorriso,

Soltem a vossa bela criança interior que quer mimo e colo, e muita mas muita brincadeira e alegria,

Usem a imaginação a torto e a direito,

Sonhem de olhos abertos, esbugalhados de espanto e parvoíce,

Reinventem-se a cada instante,

...

 

a experiência é para ser feita num dia, observar resultados e repetir..

  Advertência: esta experiência tem efeitos secundários, pode causar habituação e além disso requer ‘esforço’ e empenho pessoal diário, e isso pode ser muito, mas muito duro.

  That’s all folks! Ahh.. e façam o favor de dizer a vós próprios alto e bom som, todos os dias:

 

HOJE SOU FELIZ!!!!!!!!!!!

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